domingo, 12 de dezembro de 2010

"O MAIOR PROBLEMA DE LIVRAMENTO"

Prezado Professor Fabio Regio Bento, sua formação acadêmica – Mestre em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana da Universidade Lateranense de Roma, Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de San Tommaso, Roma – não o permite tratar de um tema tão serio como esse de forma tão simplista, “jogando para a torcida”, como se pretendesse seguir uma carreira política. Certamente que há um desânimo nos corações e nas mentes de muitos dos que habitam essa terra, mas a causa disso envolve questões históricas e culturais, bem mais profundas que uma simples constatação do estado de espírito de alguns. Livramento não foi colonizada, Livramento foi ocupada. Livramento nasceu para ser um acampamento militar, não uma cidade. E o mando foi gravado através dos coronéis fazendeiros, das sesmarias, de homens que pastoreavam gado, mas que também eram soldados, para manter a posse, apenas. Livramento precisa ser colonizada de fato, com a vinda de uma Universidade Pública Bi-Nacional de verdade, não de um Instituto Universitário, de um Hospital 100% Público e não de um “conveniado” ao SUS. Precisamos de políticas sérias, de apoio técnico e financeiro ao setor rural, para que possamos fazer a diversificação da produção, gerando com isso os empregos nas industrias que venham a beneficiar a produção primária. Isso sim vai mudar o ânimo das pessoas, vai trazer de volta os cérebros pensantes que partiram, vai mudar esse estado de coisas. Talvez fosse melhor para Livramento que “proibissem” professores de ocuparem cargos no Poder Executivo Municipal, vez que foi no governo de um professor, nomeado interventor pela ditadura militar, que começou o desmanche de Livramento. Desmanche esse que tem muito de perseguição política às gentes da Fronteira, vez que foi um da Fronteira que “impôs” à esse pais o desenvolvimento e a industrialização. A depender da velha política café com leite, até hoje teríamos escravos. Especialmente Livramento, cujo filho mais ilustre foi quem deu o aval, militar, não político, à essa modernização do Brasil. Esse interventor preferiu apenas assistir a derrocada, optando por colocar os seus (eram aproximadamente 80 CC’s da família) enquanto rolávamos ladeira abaixo. Mesmo assim, esse professor ainda foi melhor que outro jovem professor, já que no seu tempo as estradas rurais estavam permanentemente abertas e o hospital semi-público nunca fechou. De um jovem professor esperava-se muito mais que discursos e matérias em jornais, apenas. É um estranho caso de socialismo as avessas, já que em vez de tomar para o estado, estatizando empregos e serviços, tem uma rara preferência por Terceirização. E uma preferência especial por “emergenciais” e “dispensa de licitação”, conforme o caso. Esse mesmo professor foi quem entregou o Depto. De Água e Esgotos – DAE – para que outro professor – seu afiliado político – administrasse esse patrimônio publico municipal. Essa “enriquecedora experiência administrativa” nos legou um rombo de 2,5 milhões de reais, cujo resultado prático disso é o Projeto de Lei 147/2010, que busca aumentar os gastos dos santanenses com água e saneamento básico. Por fim, é sempre importante lembrar que, mesmo com todos esses problemas, Livramento ainda consegue produzir 800 milhões com seu Produto Interno Bruto. E isso quer dizer mais de 300 milhões de reais em impostos, cuja maior parte fica na posse do Governo Central. O verdadeiro ET de Livramento chama-se Governo Federal, que deveria olhar para essa região com outros olhos e não se escondendo dentro de quartéis, quando até aqui vem. Espero sinceramente haver contribuído para esse debate, sempre oportuno.

Rubem Baz – Radialista.

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